ANÚNCIO

Taxa de Endividamento Familiar em Setembro Permanece em 77,4%

No mês de setembro, a proporção de famílias brasileiras endividadas se manteve inalterada em 77,4%, uma continuação do resultado registrado em agosto, de acordo com os dados mais recentes da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), conduzida pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Vale notar que esse percentual representa o nível mais baixo de endividamento observado desde junho de 2022, sinalizando uma tendência de estabilidade, conforme analisado pela entidade.

Os números revelam que a quantidade de famílias com dívidas pendentes em setembro permaneceu constante em diversas categorias, tais como cartão de crédito, cheque especial, carnês de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de automóveis e imóveis.

Entretanto, uma análise mais detalhada das diferentes faixas de renda indica um aumento de 0,3 ponto percentual nas famílias com renda mais baixa, aquelas que recebem até três salários mínimos, em comparação a setembro do ano anterior. A CNC aponta que essa tendência reflete “desafios persistentes nesse segmento”, destacando que, a partir deste mês, o programa Desenrola do governo federal contribuirá para desabilitar os CPFs dessas famílias, uma medida de alívio para essa parcela da população.

A CNC ressalta que, por si só, o endividamento não implica em problemas financeiros, a menos que esteja associado à inadimplência, a qual apresenta um crescimento na faixa de renda mais baixa, com 38,6% dos consumidores admitindo ter dívidas em atraso. Este número representa um aumento de 0,7 ponto percentual em relação ao mês anterior e coincide com o mesmo índice registrado em setembro do ano anterior, marcando o nível mais alto desde novembro de 2022.

A pesquisa também revelou que 18,3% desses consumidores afirmam não possuir meios para quitar dívidas acumuladas em meses anteriores, estabelecendo o maior percentual registrado nesta série histórica.

O presidente da CNC, José Roberto Tadros, avaliou que a estabilidade geral do endividamento familiar no país é um fator positivo para a construção de um cenário econômico favorável. No entanto, Tadros expressou sua preocupação com o aumento do endividamento nas faixas de renda mais baixa e a tendência crescente de inadimplência nesse segmento.

Ele também enfatizou a necessidade de lidar com as altas taxas de juros do cartão de crédito, que continuam sendo um desafio significativo e uma modalidade predominante de endividamento no Brasil, especialmente para o setor de comércio e serviços. Tadros defende a manutenção do parcelamento sem juros, desde que não haja intervenção nas condições de mercado, bem como a racionalização das taxas de juros no crédito rotativo.

Cartão de crédito continua predominante

Entre as famílias endividadas, 86,2% possuem dívidas no cartão de crédito, mantendo-se como a modalidade predominante. Isso representa um aumento de 0,6 pontos percentuais em relação a setembro de 2022. Além disso, a pesquisa Peic indicou que as taxas de juros do crédito rotativo do cartão de crédito atingiram níveis alarmantes, com uma média de 445,7% ao ano, o que representa o maior aumento entre todas as modalidades de dívida.

Os dados do Banco Central também indicam um aumento na concessão de crédito por meio do cartão de crédito em comparação com agosto de 2022, com um crescimento de 10% nos pagamentos à vista e de 28% nas compras parceladas.

O endividamento no cartão de crédito apresentou um aumento de 0,3 ponto percentual entre as famílias de renda mais baixa em comparação com setembro de 2022, enquanto entre as famílias de renda mais alta, houve uma diminuição de 0,3 ponto percentual. No entanto, no mês atual, o uso do cartão de crédito resultou em um aumento no número de endividados em todos os grupos de renda, conforme apontado pela economista da CNC responsável pela Peic, Izis Ferreira.

A pesquisa também revelou diferenças no uso do cartão de crédito ao longo do ano, com um aumento de 1,5 ponto percentual entre os homens, enquanto entre as mulheres houve uma diminuição de 0,5 ponto percentual. As mulheres, por sua vez, mostraram preferência por dívidas consignadas devido às taxas de juros mais baixas, buscando alternativas fora das linhas de crédito tradicionais.

Embora ambos os sexos tenham conseguido reduzir seu endividamento em relação ao ano anterior, no mês, a proporção de homens endividados teve uma leve queda de 0,1 ponto percentual, enquanto a das mulheres permaneceu estável em 79,1%. A CNC observa que um número ligeiramente maior de mulheres (30,6%) relata dificuldades em quitar dívidas em comparação aos homens (29,6%).

Esse cenário complexo sugere que o endividamento e a inadimplência são desafios persistentes que requerem atenção cuidadosa e medidas para proteger as famílias de renda mais baixa e garantir a estabilidade econômica do país.

5/5 - (1 vote)

Mostre mais

Deixe um comentário

Botão Voltar ao topo