Goiânia, 27 de novembro de 2024 – O cenário político em Goiás enfrenta uma nova crise com o pedido do Ministério Público de Goiás (MP-GO) pela cassação da candidatura de Sandro Mabel e a inelegibilidade de Ronaldo Caiado. As acusações, baseadas em supostos abusos de poder político e compra de votos, destacam práticas que colocam em xeque a integridade do processo democrático no estado.
A origem das denúncias
As investigações começaram após denúncia de Fred Rodrigues (PL), adversário de Sandro Mabel no segundo turno das eleições municipais em Goiânia. Segundo a acusação, o governador Ronaldo Caiado teria usado o programa social Goiás Social para distribuir cestas básicas em um evento realizado no dia 21 de outubro, poucos dias antes do segundo turno das eleições.
A denúncia inclui registros de fotos e vídeos, que mostram a presença de Caiado e de políticos locais promovendo a candidatura de Mabel durante a entrega dos benefícios. A proximidade do evento com a votação levantou suspeitas de compra de votos e levou o Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) a abrir uma investigação.
O papel do Palácio das Esmeraldas
Além das ações do Goiás Social, o MP-GO investiga reuniões realizadas no Palácio das Esmeraldas, sede do governo de Goiás. Durante esses encontros, que incluíram jantares com vereadores e líderes políticos, Caiado teria articulado apoio à candidatura de Sandro Mabel, em uma possível tentativa de manipular o equilíbrio eleitoral.
A juíza eleitoral responsável pelo caso, Maria Umbelina Zorzetti, destacou que há fortes indícios de uso da máquina pública para influenciar o processo eleitoral, o que é proibido pela legislação brasileira.
Os próximos passos da Justiça
O TRE-GO concedeu uma decisão liminar que proíbe novas ações semelhantes até o fim das eleições. Caiado e Mabel têm cinco dias para apresentar suas defesas. Caso as acusações sejam confirmadas, Ronaldo Caiado pode ser declarado inelegível, enquanto Sandro Mabel enfrenta a possibilidade de cassação de sua chapa.
Reações e impactos políticos
Até o momento, nem Ronaldo Caiado nem Sandro Mabel se manifestaram publicamente sobre as acusações. Fontes próximas ao governador alegam que as ações do programa Goiás Social são parte de uma política contínua de assistência social e que não têm relação com o processo eleitoral.
A campanha de Fred Rodrigues, responsável pela denúncia, afirmou confiar na Justiça Eleitoral para garantir que práticas irregulares sejam punidas.
Democracia ameaçada ou justiça em ação?
O caso de Caiado e Mabel reacende o debate sobre o uso indevido de recursos públicos em campanhas eleitorais. Em Goiás, práticas como a distribuição de benefícios sociais às vésperas das eleições são vistas como tentativas de manipular o eleitorado, especialmente em comunidades vulneráveis.
Especialistas alertam que, caso essas ações não sejam devidamente investigadas e punidas, podem abrir precedentes perigosos para futuras disputas eleitorais no estado e no país.
Análise crítica
As acusações contra Ronaldo Caiado e Sandro Mabel representam mais do que uma disputa judicial: elas evidenciam como o abuso de poder político mina a confiança no sistema democrático. O uso da máquina pública para obter vantagens eleitorais compromete não apenas o equilíbrio da competição, mas também a relação de confiança entre eleitores e líderes políticos.
O Ministério Público de Goiás tem um papel fundamental nesse momento, e cabe à Justiça Eleitoral agir com rigor para garantir que práticas como a compra de votos e o abuso de programas sociais sejam combatidas. Goiás precisa de uma liderança que priorize a transparência e a ética, afastando-se de estratégias que colocam interesses individuais acima do coletivo.