No final deste ano, estima-se que o pagamento do décimo terceiro salário atinja a marca de R$ 267,6 bilhões, um aumento de 6,2% em relação ao ano anterior, considerando a inflação. A segunda parcela, esperada para beneficiar 89,8 milhões de pessoas, promete impulsionar a economia com a injeção de R$ 106,29 bilhões.
Esse valor médio do benefício, situado em R$ 2.980, revela um avanço real comparado aos R$ 2.882 distribuídos em 2022.
Após dois anos focados no pagamento de dívidas, em 2023, os gastos no comércio devem liderar novamente, alcançando R$ 37,35 bilhões. A quitação e redução de dívidas ainda absorverão 34% dos recursos, somando R$ 35,97 bilhões, seguidos por despesas no setor de serviços (R$ 20,31 bilhões) e poupança (R$ 12,66 bilhões).
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) destaca que o cenário diverge dos últimos anos, explicando que a mudança se deve à diminuição na taxa de juros ao consumidor e ao declínio do comprometimento médio da renda familiar. Embora o índice de comprometimento da renda dos brasileiros tenha se mantido acima de 30% desde setembro de 2021, dados do Banco Central indicam um recuo desse indicador, caindo de 31,4% para 30,3% entre setembro de 2022 e o mesmo período deste ano, com previsão de alcançar 30,1% em dezembro de 2023.
Essa mudança, segundo a CNC, é impulsionada pelo aumento da renda e do emprego ao longo do ano, somado à redução da taxa média de juros para operações de pessoas físicas. Em setembro de 2023, o custo do crédito estava em 57,3%, apontando uma tendência de queda em relação ao pico de 59,7% registrado em maio do mesmo ano.
O aumento substancial na segunda parcela do décimo terceiro em comparação ao ano anterior é atribuído ao crescimento do emprego. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), nos últimos 12 meses até o terceiro trimestre de 2023, houve um aumento de 2,3% no número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado, gerando 1,14 milhão de novos postos de trabalho.
Dos 89,8 milhões de beneficiários, 57% são trabalhadores ativos, enquanto aposentados e pensionistas compõem os outros 38,9 milhões. O valor médio mais alto é destinado aos aposentados e pensionistas do regime próprio da Previdência Social, com R$ 6.031, enquanto os trabalhadores domésticos recebem em média R$ 1.706.
Para o comércio, a chegada da segunda parcela do décimo terceiro em dezembro marca um período de aquecimento nas vendas. Historicamente, esse último mês do ano registra um aumento médio de 25% nas vendas, com impactos particularmente significativos nos segmentos de vestuário e calçados (80%), livrarias e papelarias (50%) e lojas de utilidades domésticas (33%).
Os setores mais beneficiados pela injeção do décimo terceiro são esperados nos hiper e supermercados (R$ 17,15 bilhões), combustíveis e lubrificantes (R$ 6,13 bilhões), vestuário e calçados (R$ 4,47 bilhões) e produtos de farmácia, perfumaria e cosméticos (R$ 3,86 bilhões) no varejo.
