Goiânia, 15 de outubro de 2024 – A atividade econômica brasileira registrou uma queda de 0,2% em agosto, na comparação com o mês anterior, conforme dados do Monitor do PIB-FGV, divulgados nesta terça-feira (15) pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). No entanto, na comparação interanual, o crescimento foi de 3,4% no mês de agosto e de 4,1% no trimestre móvel encerrado no mesmo mês. O acumulado em 12 meses até julho ficou em 2,8%.
Segundo a coordenadora da pesquisa, Juliana Trece, o segundo mês consecutivo de retração econômica reflete principalmente a estagnação da indústria e a retração dos serviços. No entanto, a agropecuária foi a única atividade econômica que apresentou crescimento na comparação entre agosto e julho.
Juliana destacou que, pelo lado da demanda, houve avanço na maior parte dos componentes, mas a queda nas exportações de produtos agropecuários e da mineração foi significativa, com uma redução de 2,5% nas exportações. Esse fator foi o principal responsável pelo impacto negativo no PIB de agosto. “Embora a demanda tenha registrado crescimento, o desempenho negativo das exportações líquidas acabou superando esse avanço, o que resultou na retração do PIB no mês”, explicou Juliana.
Exportações e desempenho
A pesquisa também ressaltou que, em 2023, as exportações de produtos agropecuários e da mineração tiveram uma contribuição significativa para o desempenho das exportações, com uma alta de aproximadamente 8 pontos percentuais (p.p.). No entanto, essa contribuição caiu para 1,2 p.p. no trimestre encerrado em agosto, a menor desde fevereiro de 2023.
Consumo das famílias
O consumo das famílias também registrou crescimento, principalmente no setor de serviços, seguido pelos setores de bens duráveis e não duráveis. Esse aumento foi uma constante ao longo de 2024, segundo o Ibre. No trimestre terminado em agosto, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que mede o investimento na economia, avançou significativamente, com destaque para o desempenho do segmento de máquinas e equipamentos. Esse segmento tem contribuído positivamente desde o segundo trimestre, em parte devido à baixa base de comparação de 2023.
Os segmentos de construção e outros componentes da FBCF também apresentaram impactos positivos, embora com menor relevância.
Importações
As importações registraram crescimento expressivo em todos os tipos de bens, com destaque para os bens intermediários, que puxaram o crescimento. Bens de consumo, serviços e bens de capital também acompanharam o movimento de alta.
Monitor do PIB-FGV
Em termos monetários, o PIB de 2024 acumulado até julho foi estimado em R$ 7,570 trilhões, em valores correntes. A taxa de investimento em agosto de 2024 ficou em 18,1%, acima das médias históricas desde 2000 e 2015, conforme destacou o Ibre.
O Monitor do PIB-FGV oferece uma estimativa mensal do PIB brasileiro em volume e valor, utilizando a mesma metodologia das Contas Nacionais do IBGE. Esse indicador permite que a sociedade tenha uma referência mensal do PIB, com base em aproximadamente 500 informações de volume e preço, conjugadas com dados das Contas Nacionais Trimestrais e Tabelas de Recursos e Usos até o último trimestre divulgado.
Análise crítica:
O recuo de 0,2% na atividade econômica em agosto aponta para uma desaceleração econômica preocupante, especialmente em um cenário onde a indústria e os serviços estão estagnados ou em retração. A agropecuária, que tem sido um pilar de crescimento, não conseguiu compensar o impacto das quedas nas exportações. O consumo das famílias, impulsionado por serviços, ainda é um ponto de crescimento, mas sem a força necessária para evitar a retração geral do PIB. A continuidade de investimentos, como observado no crescimento da FBCF, é um sinal positivo, mas os desafios nas exportações precisam ser enfrentados para uma recuperação mais robusta da economia.
