Por Gil Campos: Goiânia, 6 de novembro de 2024 – A desvalorização de várias commodities e o crescimento das importações, impulsionados pela recuperação econômica, reduziram drasticamente o superávit da balança comercial brasileira em outubro. No mês passado, o saldo positivo foi de US$ 4,343 bilhões, uma queda de 52,7% em relação ao mesmo período do ano passado, marcando o menor superávit para outubro desde 2017, quando o saldo foi de US$ 4,095 bilhões.
Acumulado do Ano e Impacto nas Exportações e Importações
Com o resultado de outubro, o superávit comercial acumulado nos primeiros dez meses de 2024 soma US$ 63,022 bilhões, uma redução de 22% em relação ao mesmo período de 2023. Apesar da queda, o montante é o segundo maior da série histórica para esse período, que começou em 1989.
Em relação ao desempenho de outubro, as exportações caíram levemente, totalizando US$ 29,461 bilhões, uma diminuição de 0,7% em relação a outubro de 2023. As importações, por outro lado, subiram 22,5%, atingindo US$ 20,501 bilhões, impulsionadas por itens como gás natural e bens de capital.
Principais Produtos Exportados e Importados
Entre os produtos exportados, as maiores quedas foram registradas nos preços de soja, milho, ferro, aço e açúcar. No entanto, itens como café, celulose e carne bovina apresentaram aumento nas vendas, ajudando a equilibrar a balança. No lado das importações, a compra de gás natural teve o maior crescimento, com um aumento de 306,6% em valor e 187,3% em volume, em comparação ao mesmo período do ano passado. Outros produtos que registraram aumento foram medicamentos, máquinas e fertilizantes.
Volume e Preço das Mercadorias
Em outubro, o volume de mercadorias exportadas cresceu 6,6%, com destaque para produtos como café, carne bovina e celulose. No entanto, o preço médio das exportações caiu 6,7% em relação a outubro de 2023. Nas importações, o volume adquirido subiu 34,2%, enquanto os preços médios caíram 8,5%, indicando uma recuperação na demanda interna por produtos estrangeiros.
Desempenho por Setor
- Agropecuário: Impactado pela queda nos preços, o setor agropecuário registrou uma redução de 5,3% no volume exportado e queda de 7% no preço médio.
- Indústria de Transformação: Foi a única a apresentar aumento significativo, com crescimento de 9,2% no volume exportado e leve alta de 0,8% no preço médio.
- Indústria Extrativa: A exportação de minérios e petróleo subiu 10,3% em volume, apesar de uma queda de 22,2% nos preços médios.
Estimativas de Superávit e Perspectivas para 2024
O governo revisou para baixo a projeção de superávit comercial para 2024, de US$ 79,2 bilhões para US$ 70 bilhões, o que representa uma queda de 28,9% em relação a 2023. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, espera-se que as exportações fechem o ano com uma queda de 1,2%, totalizando US$ 335,7 bilhões, enquanto as importações devem subir 10,2%, atingindo US$ 264,3 bilhões, impulsionadas pela recuperação econômica.
O mercado financeiro, contudo, possui uma perspectiva um pouco mais otimista. Segundo o Boletim Focus do Banco Central, que reúne as previsões de analistas, o superávit deve fechar 2024 em US$ 77,78 bilhões.
Análise Crítica
A queda no superávit comercial em outubro ilustra os desafios da economia brasileira em um cenário internacional de volatilidade e depreciação das commodities. O crescimento das importações, especialmente de bens essenciais como o gás natural, contrasta com a redução nas exportações de itens tradicionais. Com a revisão para baixo do superávit, o Brasil precisará gerenciar o aumento da demanda interna sem comprometer a competitividade externa. A recuperação econômica interna pressiona o saldo comercial, exigindo uma estratégia equilibrada para manter o ritmo de crescimento e controlar o impacto das oscilações globais.