Na próxima quarta-feira, 1º de novembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) tomará uma decisão crucial: a definição da taxa básica de juros, a Selic. Nesta sétima reunião de 2023, que se inicia amanhã, 31 de outubro, a expectativa é de que o Copom reduza a taxa dos atuais 12,75% ao ano para 12,25% ao ano, conforme aponta o boletim Focus, uma pesquisa semanal conduzida pelo BC com analistas de mercado.
Caso essa previsão se concretize, este será o terceiro corte na Selic desde agosto, quando a autoridade monetária encerrou o ciclo de aperto monetário. Apesar de um aumento na inflação na segunda metade do ano, essa alta estava dentro das expectativas dos economistas.
Os membros do Copom já indicavam cortes de 0,5 ponto percentual nas reuniões do segundo semestre. Na ata do encontro de setembro, o órgão reafirmou a visão de que esse é o ritmo adequado para manter a política monetária contracionista, que visa a conter a inflação.
O mercado financeiro projeta que a Selic encerrará 2023 em 11,75% ao ano.
Inflação A meta de inflação para 2023, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3,25%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Isso implica que o limite inferior é de 1,75%, enquanto o limite superior é de 4,75%. Segundo o BC, conforme indicado no último Relatório de Inflação, há uma probabilidade de 67% de que o índice oficial de inflação ultrapasse o teto da meta em 2023.
Em setembro, o aumento dos preços dos combustíveis, em especial da gasolina, exerceu pressão sobre a inflação. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,26%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse percentual representou uma elevação em relação à taxa de agosto, que foi de 0,23%.
No acumulado do ano, a inflação atingiu 3,50%. Nos últimos 12 meses, o índice registra 5,19%, superando os 4,61% dos 12 meses anteriores.
Na ata mais recente, o Copom reforçou a necessidade de manter uma política monetária contracionista para consolidar a convergência da inflação para a meta em 2024 e 2025, bem como para ancorar as expectativas. As incertezas nos mercados e as expectativas de inflação acima da meta continuam sendo fontes de preocupação para o BC e exercem influência sobre a decisão a respeito da taxa básica de juros.
Entre março de 2021 e agosto de 2022, o Copom elevou a Selic em 12 reuniões consecutivas, em resposta ao aumento nos preços de alimentos, energia e combustíveis. Durante um ano, de agosto do ano passado a agosto deste ano, a taxa permaneceu inalterada em 13,75% ao ano, ao longo de sete encontros sucessivos.
Antes do início do ciclo de alta, a Selic foi reduzida para 2% ao ano, o valor mais baixo desde o início da série histórica em 1986. Essa redução ocorreu como resposta à contração econômica causada pela pandemia de COVID-19, com o Banco Central buscando estimular a produção e o consumo. A taxa permaneceu no menor patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021.
Taxa Selic A taxa básica de juros desempenha um papel fundamental nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve como referência para outras taxas da economia. É o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação. O BC realiza operações de mercado aberto diariamente, comprando e vendendo títulos públicos federais, a fim de manter a taxa de juros próxima do valor determinado em suas reuniões.
Aumentar a taxa básica de juros, como faz o Copom, tem o objetivo de conter a demanda aquecida, o que, por sua vez, tem impacto nos preços, uma vez que juros mais elevados encarecem o crédito e incentivam a poupança. Além da Selic, os bancos consideram outros fatores ao definir as taxas de juros para os consumidores, como risco de inadimplência, margem de lucro e despesas administrativas. Portanto, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.
Quando a Selic é reduzida, a tendência é que o crédito fique mais acessível, incentivando a produção e o consumo, mas também diminuindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.
O Copom realiza suas reuniões a cada 45 dias. No primeiro dia de encontro, são apresentadas análises técnicas sobre a evolução e perspectivas das economias brasileira e global, bem como o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom, composto pela diretoria do BC, analisam as opções e definem a taxa Selic.